Hoje quero falar sobre uma situação um tanto delicada. Recentemente, precisei voltar pro meu estado depois de uma tentativa frustrada de suicídio. Sim, frustrada. Porque nem pra isso a gente serve direito, né?
Risadinha nervosa.
Foi um turbilhão de sentimentos e, sinceramente, eu sei que ninguém tá sabendo muito bem como lidar com isso — inclusive eu.
Voltei esperando apoio, colo, carinho, cuidado... tudo o que eu achava que precisava pra conseguir seguir em frente e virar a página. Mas fui recebida com um "covarde" — vindo da pessoa que diz ter um amor incondicional por mim: meu pai.
E desde então não sei bem como lidar. Já vai fazer um mês desde esse acontecimento e eu simplesmente não consegui esquecer. Nem seguir em frente.
Meu pai disse que não entende. Não consegue imaginar o que leva alguém a tentar tirar a própria vida. E o mais contraditório: ele também é um homem com depressão. Mas, segundo ele, “o exemplo vem de casa” — e se ele aguenta tudo, a gente tem que aguentar igual.
Mas como explicar pra um homem assim o que se passa na cabeça de uma pessoa suicida?
Como explicar que quando alguém pensa em morrer, não é que quer morrer de verdade — quer acabar com uma dor que parece não ter saída? Não é covardia. É desespero.
Na real, nem é tão difícil de entender. Mas as pessoas preferem se manter dentro da própria bolha, com seus valores engessados e suas fórmulas prontas.
Vou fazer uma analogia rápida:
Imagina uma pessoa presa num prédio em chamas. Ela não quer se jogar da janela — mas o fogo está tão perto, a dor é tão grande, que pular parece a única saída. Ela não quer cair. Ela só quer fugir do fogo.
A dor psicológica pode ser assim: tão intensa, tão sufocante, que a pessoa acredita que não existe como continuar viva.
E olha... não consigo fingir que isso não me afeta. Porque me afetou. Muito. A última coisa que eu esperava ouvir de alguém que diz me amar era que eu fui covarde.
Eu não sou tão bem resolvida assim. Fiquei magoada. MUITO. Guardei pra mim como boa virginiana rancorosa com ascendente em “engole o choro”. E agora fico entre o 8 e o 80: ou amo, ou tô planejando mentalmente o cancelamento da relação. Não gosto de ser assim, mas é minha forma de autopreservação emocional. Tipo um antivírus interno, só que ele bloqueia amor demais quando detecta mágoas.
E pior: não tenho nem coragem de puxar conversa. Fico pensando "o que eu vou falar?"
“Oi, pai. Lembra quando você me chamou de covarde no momento mais vulnerável da minha existência? Então, achei meio ofensivo. Beijos.”
Enfim. Não sei como isso vai desenrolar. Talvez role um diálogo. Talvez um textão. Talvez eu simplesmente escreva aqui e finja que ele vai ler e refletir (spoiler: não vai). Mas se acontecer algo novo, volto aqui chorando e contando pra vocês.